sexta-feira, 28 de março de 2014

A UBS fantasma de Engenheiro Coelho

Passaram-se dois anos que o projeto da Unidade Básica de Saúde no bairro Cidade Universitário, em Engenheiro Coelho (SP), começou, e até agora nunca foi finalizado. Iniciado em 14 de fevereiro de 2012 com previsão de entrega para 180 dias, como consta na placa da obra, o prédio nunca foi inaugurado oficialmente, embora esteja pronto.
A construção teve um valor total de R$ 264.994.36 e a Unidade Básica de Saúde (UBS) deveria ser entregue no mês de maio do mesmo ano. A construção, porém, começou após o prazo indicado. 


UBS do Universitários: obra está pronta há dois anos
mas ainda não estrou em funcionamento.
Foto: Katherine Changanaquí. 
Esta problemática afeta os moradores do bairro e suas histórias revelam a urgência do funcionamento da Unidade. Na rua Lery de Souza Duarte, afastada da rotatória central, está a residência de Paulo Rocha, 69 anos, que mora com sua esposa há seis anos no local. Rocha tem problemas do coração e realiza também tratamento para rinite. De seis em seis meses ele precisa ir ao médico na cidade de Limeira, a 28 quilômetros dali, para realizar o atendimento básico ou em caso de emergência.

A rotina se repete durante algumas madrugadas. Rocha e sua esposa Laurinda, de 65 anos, caminham até a rotatória para esperar a ambulância que os levará ao hospital mais próximo. Paulo expressa que a situação é complicada e que seria ideal se houvesse um médico de plantão no bairro. “A dificuldade é para se locomover porque somos idosos. Para nós é muito perigoso esperar a ambulância lá na rotatória. Há muita insegurança no bairro para a gente ficar andando sozinho de madrugada”, desabafa.

A história de Paulo e Laurinda reflete a realidade de muitos moradores do bairro Cidade Universitária. Rosa Avelar se mudou para o lugar há quatro anos e acredita que um posto de saúde perto de casa ajudaria muito a resolver os problemas da família. Ela expressa que na localidade há muitas famílias com crianças pequenas e que a inauguração da unidade básica precisa ser feita com urgência.

Rocha reclama que a Prefeitura tem outras prioridades o que implica em desinteresse para o bairro Cidade Universitária. Já para Rosa a situação se entende como um desrespeito ao dinheiro do cidadão e uma falta de consideração das autoridades, que sempre anunciam obras mas nunca as concluem.

Datas não cumpridas

A Câmara de Vereadores de Engenheiro Coelho emitiu um requerimento para a o Executivo no dia 13 de fevereiro deste ano exigindo uma data para a inauguração do prédio. Na semana passada, o prefeito Pedro Franco solicitou mais 15 dias para fazer análise do caso e responder o documento. 

O vereador da oposição Wagner Ferreira (SDD) afirma que a situação é triste e preocupante por se tratar do dinheiro da população recolhido por meio dos impostos. “A Câmara de Vereadores está muito preocupada e estamos procurando esclarecimento, esperamos que o posto da Cidade Universitária inicie as atividades ainda nesta gestão”, diz. Para o vereador Adezio Días (PMDB), da base aliada do prefeito, é preciso ter paciência, pois a inauguração da UBS é um processo que leva tempo e ainda precisa de verbas para o equipamento. 


Placa da obra indica entrega para 180 dias a partir do início da construção. Foto: Katherine Changanaquí.

Em entrevistas anteriores para a Agência Brasileira de Jornalismo (ABJ) o secretário da Saúde de Engenheiro Coelho, Renan Pacífico, mencionou que existia uma previsão para realizar o concurso público em março e dar suporte em saúde no bairro ainda no mês de abril. No entanto nenhuma das datas foi cumprida nem se apresentou nova previsão até o fechamento da reportagem.

Segundo o secretário os 180 dias não são uma data fixa e sim uma obrigação da legislação onde contratos são rompidos pelas construtoras. Ele explica que ainda faltam equipamentos e um concurso público para contratar profissionais para iniciar as atividades no local. “A previsão é que os editais saiam em março, só então uma equipe poderá ser formada. E aí vamos operar o postinho”, garante. Apesar disso, na opinião do secretário, a situação da Saúde no município é superior a outras cidades da região.

Ao contrário do que diz o secretário, a assessoria de imprensa da própria Prefeitura confirmou a realização de um concurso público, que teria expirado no dia 25 de janeiro. Os motivos da não contratação dos profissionais são desconhecidos. O novo concurso público se realizará entre o final do mês de abril e os primeiros dias de maio, segundo a assessoria. Alguns moradores, que não se quiseram se identificar, acreditam que a não-validação do concurso se deve a questões políticas envolvendo a atual administração.

A equipe a se contratar será formada por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, dentista e seis agentes de saúde que atenderão os moradores do bairro, estudantes do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) e residentes dos condomínios da região.

Por Katherine Changanaquí

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